segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A melhor profissão do mundo - Gabriel Garcia Márquez

“Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderá persistir num ofício tão incompreensível e voraz, cuja obra se acaba depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não permite um instante de paz enquanto não se recomeça com mais ardor do que nunca no minuto seguinte’’.
Gabriel Garcia Márquez

A profissão de jornalista exige alguém que saiba trabalhar com as diferentes formas de captação e difusão da notícia. Dessa maneira, é dever do jornalista conceber a comunicação como algo amplo, que incorpore o receptor no processo de transmissão da mensagem, ou seja, ser jornalista, nos dias de hoje, é abrir canais para a interatividade.
O jornalista pode ter múltiplas funções – editor, redator, diagramador –, que vão ganhando novos nomes ou sendo substituídas à medida em que a tecnologia avança. Outro dia, li na internet que um site de notícias nos Estados Unidos chegou à conclusão de que um computador faz melhor e mais rápido o trabalho de um jornalista. A notícia (deve ter sido escrita por um computador) não dava muitos detalhes sobre como a coisa funciona. Porém, por mais eficientes que sejam os computadores, por enquanto ainda são ferramentas, e nada substituem a sensibilidade e o faro de um bom repórter.
Quem exerce de fato a função de jornalista, produzindo matérias informativas e não apenas agradando a “gregos”, tem um sabor a mais na vida: ser testemunha e protagonista da transformação evolutiva da humanidade, mesmo na sua menor proporção. Saboreando palavras e figuras, o jornalista consegue até sobreviver com certa dignidade, pois é consciente.
O jornalismo representa um poder social maior que o poder político, por isso a banda podre do poder o odeia. A imprensa séria é alvo das investidas autoritárias, dos equivocados pedantes, que tentam silenciá-la, dominá-la, comprá-la, pois o que mais dói aos canalhas é a espada da verdade. Quanto mais corrupto e profano for o poder político, mais ódio tem do jornalista e mais atração tem pela imprensa marrom, mercenária da indústria bajulatória ou difamatória. E quanto mais cega e carente for a sociedade, mais escrava será da política praticada pelo poder dominante corrupto, porém mais importante se torna o papel do jornalista.
O sacerdócio jornalístico deve refletir seu papel de formador de opinião e de defensor da sociedade. Pois é o jornalismo uma das últimas bandeiras capazes de manter a sociedade armada de informação e nutrida de cidadania contra a corrupção na política e em todos os setores da atividade humana.
Além de tudo, há uma discussão bastante reducionista, uma espécie de a favor ou contra a regulamentação profissional dos jornalistas. A regulamentação brasileira para o exercício do jornalismo é um avanço, não um retrocesso. Parece desejo da mídia acabar com jornalistas qualificados, em busca da bajuladora imprensa marrom, tornando a sociedade cada vez mais cega e carente de informações.
Aprender e exercer o jornalismo condiz com a prática diária de caráter, para todos que realmente levam essa como a melhor profissão do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário